Por Samanta Dias - Equipe BBel
Publicado em 13/09/2012
Os chás são bebidas naturais de baixo teor calórico que podem conter princípios ativos funcionais que agem no organismo humano. Somente por essas características, o hábito de consumir esse tipo alimento já pode ser considerado vantajoso. Mas além de produtos alimentícios, os chás, nome popular que se dá àmistura de água e ervas ou plantas, também podem ser considerados medicinais.
Alimento x substância medicinal
"O chá que fazemos em casa é um extrato aquoso, ou seja, extraímos da planta os princípios ativos solúveis em água", explica Paula Viñas, farmacêutica-bioquímica.
Usar as plantas e ervas para fins medicinais faz parte de uma ciência que se chama fitoterapia, responsável por reunir o folclore medicinal de um país e os estudos científicos feitos ao longo do tempo sobre esses costumes. "As plantas medicinais, como produtos fitoterápicos, apresentam classes de substâncias químicas responsáveis pela ação terapêutica e são utilizadas no preparo de infusões ou decocções e consumidas de forma semelhante aos chás alimentícios", afirma Kléber Berté, doutor em tecnologia de alimentos pela Universidade Federal do Paraná e farmacêutico da Chamel, empresa especializada na produção de fitoterápicos.
Os chás vendidos em supermercados como alimentos são fabricados por indústrias alimentícias e não podem, de acordo com a legislação brasileira, trazer informações sobre seu uso terapêutico. O que não significa que ao consumir um desses produtos, a pessoa não possa se beneficiar de suas características medicinais. O que diferencia o hábito de tomar chá do uso medicinal dele é a existência de uma posologia. Ou seja, uma indicação de quantas vezes ao dia, em quais quantidades e em qual formato a erva ou planta deve ser consumida. Essa prescrição apenas pode ser feita pelo médico ou farmacêutico.
Por isso, quando uma pessoa consome diariamente chás alimentícios feitos a partir de ervas que têm ação terapêutica, é possível que seu organismo sinta o efeito calmante, digestivo ou aquele de acordo com o tipo da planta, mas também é possível que a quantidade de princípio ativo não seja suficiente para isso. Na página a seguir, veja como cada chá deve ser preparado para potencializar seus efeitos.
Todo chá é popularmente chamado de infusão, mas na verdade esta não é a única forma de preparo e nem a mais indicada para alguns tipos de ervas e plantas. De acordo com Kléber Berté, infusão significa verter água fervente sobre o vegetal e, em seguida, tampar ou abafar o recipiente por um período de tempo determinado. O outro método, chamado de decocção, consiste na fervura da planta em água potável por tempo determinado.
Para vegetais de consistência menos rígida, como folhas, flores e frutos, a melhor forma de preparo é por infusão. Neste caso se encaixam, por exemplo, a camomila, a espinheira santa e a alcachofra. Quando o chá for feito a partir de cascas, raízes, caules e sementes, a maneira mais adequada de ativar seus princípios ativos é usando a decocção. Veja na tabela a seguir para que servem alguns tipos de chá e como fazê-los.
O Chá e Seus Benefícios
Os chás também têm contraindicações, inclusive para quem os consome habitualmente, sem a intenção de extrair sua ação medicinal. "O mate, por exemplo, inibe a absorção de ferro, ou seja, já não é indicado para quem sofre de anemia. Mas no caso dos gaúchos, que ingerem bastante carne vermelha, que contém altos níveis de ferro, o chimarrão ou o mate equilibram os níveis de ferro no organismo, prevenindo, assim, o câncer de intestino", comenta Paula Vinãs, que também é consultora em fitoterápicos da Associação de Medicina Biomolecular e Nutrigenomica.
Chás x Remédios
Paula Vinãs explica que os chás trazem benefícios e podem ser usados sem a recomendação de um especialista quando passamos por pequenos mal-estares. "Como nos casos de cólica menstrual comum, quando se toma camomila com menta, estômago pesado após a refeição, quando se ingere boldo e camomila. Esses chás servem para substituir a aspirina ou o digestivo, que normalmente compramos na farmácia sem prescrição médica. Mas devemos levar em conta que, se essas dores forem fortes ou repetitivas, deve-se procurar um médico", destaca a farmacêutica.
Portanto, a ação mais benéfica dos chás quando a intenção é usá-los por conta própria com fins medicinais é para o alívio de sintomas de doenças de baixa gravidade. São consideradas doenças baixa gravidade as autolimitantes, que desaparecem após certo tempo sem a necessidade obrigatória de tratamento e as de evolução benigna, que podem ser tratadas sem acompanhamento médico.